terça-feira, 4 de setembro de 2012

OASIS ESQUCEIDOS

Autor: Salvador Ribeiro (Caxião), Lagoa Real, BA 
E-mail:
caxiao.ribeiro@gmail.com
                                 
O desenvolvimento dos pequenos municípios do semi-árido nordestino demanda de varias ações, que requer intervenção dos três níveis de governos, o municipal, o estadual e o federal.  Porém quero questionar o municipal porque é o que tem as melhores e maiores condições para atuar de verdade no sentido de trazer progresso e desenvolvimento para esta região, pois o governo municipal  é o que está mais próximo dos cidadãos e das comunidades. Portanto conheça ou deva conhecer a realidade, peculiariedade, dificuldade e soluções para os problemas do seu município o que facilita propor e desenvolver ações que venham atenuar toda a problemática que emperra o progresso deste sertão. 


Sabendo-se que a atividade agrária (agricultura familiar) é a que mais gera empregos no sertão, a qual apresenta graves problemas sendo o principal a ausência de capacitação e de profissionalismo dos produtores, somada à indisponibilidade de maquinas e implementos técnicos os quais aniquilam a produtividade e conseqüentemente os lucros desta atividade, alem das adversidades climáticas. Não tenho dúvidas que estes fatores são os principais vilões da estagnação e atraso a que está submetida à agricultura familiar do semi-árido.  Entretanto o sertanejo atribui a isto á escassez e à irregularidade das chuvas; além da ausência de crédito. O que não é verdade porque usando tecnologia é possível conviver com a seca e até tirar proveito dela. A falta de credito se deve mais à inviabilidade e improdutividade dos créditos capitados pelos sertanejos ao longo dos tempos devido à incapacidade técnica em gerenciar sua atividade produtiva. É possível a médio e longo reverter esta situação, basta que os gestores municipais tenham competência, capacidade e compromisso político e social, para juntamente com estado e união travar esta batalha, visando apoiar e investir no agricultor familiar no sentido de capacitar, tecnificar e instrumentalizá-lo. Estas são medidas urgentes e indispensáveis para edificar o progresso e o desenvolvimento econômico e social sustentável a que este sertão sempre nos proporcionou, mas que ainda não tivemos condições de aproveitar devido à inoperância do poderes públicos, principalmente o municipal, como já tenha dito. Porque a grande maioria dos gestores públicos municipais, prefeituras e Câmaras de Vereadores, não têm trabalhado neste sentido.

E ainda assim é comum vermos pequenos criadores comprarem vacinas, as que são obrigatórias para seus rebanhos e ao invés de aplicarem, simplesmente as jogam no lixo. É produtor de leite criando reses que produze apenas 4 litros de leite por dia quando devia substituir-las por outras mais produtivas que produzam 08, 10 litros dia. No final da lactação quanto somaria, sabendo-se que os custos de alimentação e de manejo se equivalem.  Numa recente visita que fiz ás lavouras do Oeste Baiano verifiquei que um dos grandes trunfos da alta produtividade daquelas lavouras é o adensamento, técnica simples e barata que o sertanejo desconhece, além de tantas outras.

O caminho mais curto para reverter esta situação passa pela implantação do SINDICALISMO, COOPERATIVISMO E ACOSSIATIVISMO VERDADEIRO, isenta de corrupção, politicagem e partidartidarismo. Para juntamente com estado, união, agentes financeiros e principalmente com o município, através de convênios e parcerias implantar uma verdadeira cruzada, objetivando disponibilizar e adotar modernas técnicas de cultivo e de manejo além de adotar ações como: o mapeamento de todas as áreas rurais a fim de diagnosticar a aptidão e o potencial produtivo de cada uma, para cada tipo de cultura e na medida da possibilidade e da viabilidade procurar substituir  as culturas tradicionais de sequeiro pela orti-fruticultura irrigada, aproveitando as águas das pequenas barragens  e dos poços tubulares, já que muitos municípios detêm considerável potencial destes mananciais. Vendo que a crescente escassez e irregularidades das chuvas tendem definitivamente a inviabilizar-las.  Por isso a orti-fruticultura irrigada apresenta como uma das alternativas, até porque boa parte das frutas, verduras e legumes que consumimos diariamente são possíveis de serem produzidas no nosso próprio município. Tornando-as mais baratas e acessíveis à população devido à redução do custo do transporte. Outro fator relevante, é o crescimento vertiginoso no consumo destes produtos na região, devido às mudanças nos hábitos alimentares e á melhoria da renda do sertanejo, proporcionadas pelo aumento do salário mínimo e pelas transferências de rendas do governo federal.

Os municípios precisam pegar carona neste trem que esta  fazendo historia no sertão como nunca havia feito. No entanto o que vemos é a inutilização e desperdícios nem só dos recursos hídricos, mas de todas as riquezas deste maravilhoso sertão; produtos como mel, frutos silvestres, ervas medicinais, os minerais, o sol escaldante; porque não? Além da força de trabalho, da coragem e do espírito criativo deste povo. Além das ações já citadas, também é prioritário e fundamental estimular e apoiar a implantação dos pequenos empreendimentos, (públicos ou privados) de beneficiamento de produtos da agricultura familiar,  do extrativismo e do artesanato. E assim  ampliar a gama destes produtos no mercado, estimulando o consumo, agregando valor e conseqüentemente aumentando a renda do produtor, inclusive com a inclusão destes produtos na merenda escolar como está acontecendo com o UMBÚ em Auá município baiano, que depois de colhido no campo é beneficiado e transformado em vários produtos que são servidos na merenda escolar local. O excedente é comercializado no Brasil e no exterior. Também em Santo Antônio de Jesus, Bahia, tapioca (beiju) é servida na merenda escolar com grande aceitação pelos alunos, porque são recheados com geléia de frutas regionais, lá produzidas e beneficiadas com essa finalidade. No município de Angatuba interior paulista o Ex. é outro, lá a prefeitura montou uma mine-destilaria onde é beneficiada a cana dos pequenos produtores, para  produzir  álcool combustível, que é usado no abastecimento da frota publica municipal sem o intermédio da Petrobras. Eis a semente do SOSSIALISMO!

Será que exemplos como estes não podem ser implantados nos nossos municípios?   

O que está faltando aos nossos gestores e parlamentares municipais?

ACOOORDAM COMPANHEIROS! Porque o BRASIL do futuro dependerá, e muito do nosso sertão.


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