sexta-feira, 1 de junho de 2012

Humilhados na democracia!

  

   Tornou-se redundante falar da importância da Educação na conquista e manutenção do desenvolvimento de qualquer nação. Essa importância é amplificada e se torna indiscutível, sobrepondo-se a qualquer outro fator de progresso, por envolver e amalgamar os dois pilares da existência humana: o individual e o social.
    Mas isso não ocorre através de mágica. É necessário que esse pensamento seja posto em prática. Na contramão dessa verdade lógica, o Brasil, há muito tempo, jogou sua Educação no lixo. Começou nos governos militares e se projetou na falada democracia que teria sido conquistada, mas duvidosa na prática.
  Não pode haver democracia plena em um país que necessita de programas específicos para erradicar a fome e a miséria. Em Livramento, por exemplo, todo mundo finge não ouvir nem ver, mas convivemos com 90% de nossa população na pobreza ou na miséria (IBGE-2000). Os dados de 2010 ainda não foram divulgados.
  O movimento dos professores é o que de melhor poderia acontecer, nesse momento, para se abrir um mínimo de discussão a respeito. A greve é praticamente total e afeta cerca de um milhão e meio de estudantes. E para que? Para lembrar ao governador Jaques Wagner que ele precisa cumprir a lei.
  O governador, coisas da Bahia e do Brasil, é do Partido dos Trabalhadores. E a lei desrespeitada manda pagar um salário mínimo aos professores: R$1.451,00. Coisa mais ridícula não poderia haver. A alegação para o abuso é de que não tem recursos, o que é uma mentira, pois não se demonstrou isso com a abertura das contas.
  Realmente, um país que fixa um salário mínimo para os verdadeiros mentores do seu desenvolvimento, os professores, de R$1.451,00, não é e nem poderia ser um país sério. E o mais triste é que há uma, ora expressa ora velada, reação contras os grevistas, absolvendo o governador de tão nefasta arrogância.
  Não contente em zombar da lei federal, o chefe do Executivo baiano ainda cortou os já minguados salários dos docentes, como meio de forçá-los a voltar ao trabalho, garroteados e humilhados. Se isso era inimaginável nos tempos da ditadura, como qualificar tamanha covardia em um governo do Partido dos Trabalhadores?
  Esse deve ser um momento de firmeza e de muita indignação, não de emoção. Mas é impossível não imaginar os mestres, os condutores do desenvolvimento do nosso país, já humilhados com salário ridículo, agora diante dos contracheques fora do ar e suas contas zeradas, na iminência de descerem ao fundo do poço da humilhação.
  E o governo, em tom arrogante, posiciona-se acima da lei, e pisoteia a dignidade de seres humanos que, há anos, suportam tanto desprezo para com a Educação. Governo que debocha, não somente da lei, mas também da Justiça, ao se negar a cumprir a ordem de pagar o já minguado salário aos professores.
  Muitos hão de perguntar de quem é a culpa? Dos que votaram nesse governador, duas vezes? Não. É dele mesmo, da sua traição, de cujo governo não se conhece o caráter, por não tê-lo ou por tê-lo perdido! “Triste Bahia?”. Não. “Tristes governantes!”. Mas estes passam e a Bahia fica. Cuidemos, pois, dela melhor nas próximas eleições!
* Autor: Jornalista Raimundo Marinho, Mandacu da Serra.

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